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Escravidão e Servidão



O termo "trabalho" pode ter nascido do vocábulo latino "tripallium", que significa "instrumento de tortura", e por muito tempo esteve associado à ideia de atividade penosa e torturante . Nas sociedades grega e romana era a mão de obra escrava que garantia a produção suficiente para suprir as necessidades da população . Existiam outros trabalhadores além dos escravos , como os meeiros, os artesãos e os camponeses. No entanto, mesmo os trabalhadores livres eram explorados e oprimidos pelos senhores e proprietários. Estes eram desobrigados de qualquer atividade , exceto a de discutir os assuntos da cidade e o bem-estar dos cidadãos. Para que não dependessem do próprio trabalho e pudessem se dedicar exclusivamente a essa atividade , o trabalho escravo era fundamental. Nas sociedades feudais, como no mundo greco-romano, havia também aqueles que trabalhavam - os servos , os camponeses livres e os aldeães e aqueles que viviam do trabalho dos outros - os senhores feudais e os membros do clero. A terra era o principal meio de produção, e os trabalhadores tinham direito a seu usufruto e ocupação , mas nunca à propriedade. Muitos trabalhavam em regime de servidão , no qual não gozavam de plena liberdade , mas também não eram escravos. Prevalecia um sistema de deveres do servo para com o senhor e deste para com aquele. Além de cultivar as terras a ele destinadas , o servo era obrigado a trabalhar nas terras do senhor , bem como na construção e manutenção de estradas e pontes. Essa obrigação se chamava corveia . Devia também ao senhor da talba , uma taxa que se pagava sobre tudo o que se produzia na terra e atingia todas as categorias dependentes. Outra obrigação devida ao senhor pelo servo eram as banalidades, pagas pelo uso do moinho , do forno , dos tonéis de cerveja e pelo fato de, simplesmente , residir na aldeia. Essa obrigação era extensiva aos camponeses. Examinando a ilustração ao lado pode-se ter uma ideia da organização do espaço e do trabalho na propriedade feudal. Embora o trabalho ligado à terra fosse o preponderante nas sociedades medievais, outras formas de trabalho merecem destaque , como as atividades artesanais , desenvolvidas nas cidades e mesmo nos feudos , e as atividades comerciais. Nas cidades , o artesanato tinha uma organização rígida baseada nas corporações de ofício. No topo da escala dessas corporações, havia um mestre que controlava o trabalho de todos. Esse mestre encarregava-se de pagar os direitos ao rei ou ao senhor feudal e de fazer respeitar todos os compromissos com a corporação. Abaixo dele vinha o oficial, que ocupava uma posição intermediária entre a do aprendiz e a do mestre. Cabia ao oficial fixar a jornada de trabalho e a remuneração , sendo também o responsável por transmitir os ensinamentos do mestre aos aprendizes. O aprendiz , que ficava na base dessa hierarquia , devia ter entre 12 a 15 anos e era subordinado a um só mestre. Seu tempo de aprendizado era predeterminado , bem como os seus seus deveres e as sanções a que estava sujeito , conforme o estatuto da corporação. Nas sociedades que vimos neste tópico , da Antiguidade até o fim da Idade Média , as concepções do que denominamos trabalho apresentam variações , mas poucas alterações. Sempre muito desvalorizado , o trabalho não era o elemento central , o núcleo que orientava as relações sociais. Estas se definiam pela hereditariedade , pela religião, pela honra , pela lealdade e pela posição em relação às questões públicas. Eram esses os elementos que permitiam que alguns vivessem do trabalho dos outros.