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Indústria Cultural no Brasil


O desenvolvimento da indústria no Brasil ocorreu paralelamente ao desenvolvimento econômico e teve como marco a introdução do rádio , na década de 1920, da televisão , na década de 1950 , e , recentemente , nos anos 1990, da internet. Os outros campos da indústria cultural , como cinema , jornais e livros, não são tão expressivos quanto a televisão e o rádio. O cinema atinge , no máximo, 10% da população e pouco mais de 20% dos brasileiros têm acesso às produções escritas (livros, revistas e jornais).  A primeira transmissão de rádio no Brasil ocorreu em 1922, inaugurando uma fase de experimentação , voltada principalmente para atividades não comerciais. A programação veiculada incluía recitais de poemas , música erudita , óperas e palestras científicas. Era mantidas por associações e clubes de amigos do rádio. As emissoras eram poucas , precariamente equipadas e com transmissão irregular , pois não havia muitos aparelhos receptores. No final de 1923, existiam apenas 536 aparelhos receptores no Brasil. A segunda fase começou na década de 1930, quando foi autorizada a publicidade no rádio. Isso permitiu a ampliação da difusão para ouvintes que antes estavam impossibilitados de sintonizar os programas . Por causa do alto custo , os programas ficavam restritos às cidades em que eram produzidos, como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e FORTALEZA . O dinheiro arrecadado com a publicidade foi o que possibilitou manter a programação no ar. Entre as décadas de 1930 e 1950 , o rádio alcançou seu apogeu de audiência, principalmente com os programas de auditório e as radionovelas, além de programas jornalísticos e humorísticos , transmissões esportivas e grandes musicais. O sucesso era tanto que cada emissora de rádio possuía sua própria orquestra e cantores próprios . Os cantores e cantoras mais conhecidos eram contratados como grandes estrelas , pois proporcionavam audiência e , consequentemente , mais anunciantes e patrocinadores à emissora. O desenvolvimento econômico possibilitava a ampliação do número de emissoras e de receptores por todo o Brasil.  Nas cidades do interior era muito comum a programação de rádio ser retransmitida por alto-falantes nas ruas e praças. Foi nesse período que o Estado passou a controlar as atividades do rádio com as leis e a censura. Durante a ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945), o governo faia sua propaganda e tentava desenvolver uma cultura nacionalista por meio do rádio; por isso , as empresas comerciais eram obrigadas a manter um aparelho ligado durante todo o tempo em que estivessem abertas ao público. Com a chegada da televisão , o rádio começou a decair, principalmente nas décadas de 1960 e 1970 . A televisão iniciava , de modo mais intensivo , sua programação , e com isso retirava do rádio não só a audiência , mas também os profissionais (programadores, artistas , locutores , atores) e , principalmente , os patrocinadores , os anunciantes. Foi o fim dos auditórios , dos programas musicais ao vivo, das radionovelas e programas humorísticos, principal conteúdo das rádios. As emissoras passaram a ser reprodutoras musicais , além de transmitir programas esportivos. Isso significou um redirecionamento dos investimentos em pessoas e equipamentos. Isso significou um redirecionamento dos investimentos em pessoas e equipamentos. É importante lembrar que nesse período a ditadura militar mantinha uma censura à programação , o que limitava as poucas alternativas das emissoras.  O rádio tomou novo impulso somente a partir da segunda metade da década de 1980, com a introdução das emissoras FM (que permitiam melhor recepção), o fim da censura e a disponibilidade de mais investimentos oriundos da publicidade. Foram então desenvolvidos programas para públicos específicos e constituídas grandes redes de rádio com abrangência de recepção nacional. Além das emissoras relacionadas, existem em torno de 10 mil rádios comunitárias que produzem programações específicas e com pouca abrangência, além das rádios piratas, presentes em muitos lugares, mas ausentes das estatísticas, já que são clandestinas. Hoje , muitas rádios são acessadas pela internet, o que significa uma nova forma de recepção dos programas. Essa união do rádio com a internet propiciou às emissoras uma nova forma de chegar a públicos variados , com notícia ou música. Em vários lugares d mundo , desde as primeiras décadas do século XX, o rádio foi utilizado como um instrumento de dominação e reprodução ideológica e de sustentação do poder central. Isso aconteceu nos Estados Unidos, no Canadá , no Japão e em países europeus. O mesmo ocorreu no Brasil, especialmente sob o governo autoritário de Getúlio Vargas e no período ditatorial instalado de 1964 a 1985. Hoje , aproximadamente 85% das emissoras comerciais em operação no Brasil estão em mãos de políticos de carreira que usam as transmissões de acordo com os interesses próprios e dos patrocinadores. Estes pressionam, por exemplo, para que sua empresa não seja relacionada a alguma notícia que a prejudique. A indústria de discos (CDs) também faz pressão para que seus produtos sejam agraciados com mais tempo de execução. Isso significa que os programas musicais ou jornalísticos das rádios não são independentes , pois estão vinculados aos interesses pessoais dos proprietários das emissoras, dos patrocinadores ou da indústria fonográfica. São , assim, as rádios comunitárias , públicas e mesmo as piratas que criam espaços radiofônicos alternativos e podem desenvolver uma programação sem as limitações e os constrangimentos mencionados.